sábado, 24 de outubro de 2009

Matéria da Gazeta de Caxias com Tânia Tonet

Foto por Maiara Calgaro

Prezados leitores e Embaixatrizes de todos os anos:

Reproduzo abaixo a matéria publicada na Gazeta de Caxias, onde a pesquisadora Tânia Tonet nos traz reflexões importantes acerca da estrutura do concurso.

Acredito que tal discussão seja muito válida, pois tem o objetivo de melhorar ainda mais a Festa a Uva, que é uma festa de toda a comunidade. É uma matéria séria, que trata de pontos relevantes e merece, como tal, nossa atenção e uma leitura feita com a mente aberta e com seriedade. A participação de todos é fundamental, seja com a expressão de opinião nos comentários, seja com a leitura e reflexão. O blog é um espaço democrático e creio que tanto a comunidade em geral quanto quem já esteve envolvido com o concurso tem plenas condições de opinar sobre o assunto.

Gostaria de contar com a seriedade e sinceridade de todos os que optarem por comentar o assunto e lembrar-lhes mais uma vez da importância do assunto, uma vez que o sucesso da Festa da Uva depende de todos nós.

Muito obrigada a todos!

***

Passados 15 anos, a pesquisadora, sugere, em entrevista exclusiva à Gazeta de Caxias, que alguns critérios da escolha das soberanas sejam repensados para a Festa de 2012, modificando alguns itens mantidos há décadas. (JCG).

Na releitura dos trajes, Tânia defendia que a escolha das candidatas e o desfile na passarela, tinha que trazer os traços da região na cultura e vestimenta, o que também acabou, depois, sendo adotado, em 1995, no filme O Quatrilho. Seu trabalho foi também elogiado pelo tradicionalista Paixão Cortes.

Clímax

Entre alguns itens que precisam, ser repensados, Tânia lembra que “a escolha das soberanas é o clímax da participação caxiense na Festa da Uva. A comunidade se envolve e torce como em nenhum outro momento. Por isso é importante propor um repensar os critérios de escolha para que mais entidades participem para deixar o evento cada vez mais revigorado.”

Cultura

Dentre às sugestões, ela destaca “ que a questão cultura avaliada historicamente sempre por jurados seja auferida através de uma prova escrita, com conteúdos definidos e especialistas em cada assunto, para que não sejam feitas perguntas diferentes para cada uma. Todas as candidatas responderão as mesmas perguntas, o que estabelecerá uma avaliação mais justa sobre os dotes culturais das moças”.

Descobrir

Tânia ressalta “que, na verdade, isto é tão importante porque é o momento que estas moças se voltam para a nossa história, turismo, política, e economia, até porque muito pouco se fala nisso nos currículos escolares. As candidatas descobrem a cidade pela Festa da Uva”.

Comunicação

Tânia sugere ainda que “a questão da comunicação pode ser avaliada por profissionais da imprensa. Já os itens beleza, simpatia e elegância, podem suas avaliações ser mantidas pelo corpo de jurados. Outros aspectos como maturidade, senso de responsabilidade, capacidade de relacionamento, deveriam ser avaliados pela comissão social, que tem convívio com elas todas durante três meses e está abalizada para julgar estes itens.”

Comunidade

Como tudo isso acontecerá? pergunta Tânia Tonet. Ele responde dizendo que “tudo tem que ser pensado com a comunidade, especialmente com a comissão da Festa da Uva e entidades. A gente conseguiria fazer com que ficasse mais claro, quem ganhou porque ganhou e quem perdeu porque perdeu. Na verdade, eu acho que ninguém perde, quem ganhará é a Festa da Uva.”

“Que funções a rainha têm que ter na Festa da Uva?”

Tânia focaliza “que, na verdade, desde a Festa de 1994, como jurada, eu passei a ter uma atuação junto às candidatas dando aulas, palestras e verificando a estrutura do concurso. Nestes 15 anos, observei que tivemos uma transformação da sociedade caxiense diferente do que era o comportamento do passado. O regulamento e outros quesitos do concurso estão superados e precisam ser reavaliados. Os critérios são muitos subjetivos.”

Funções

A pesquisadora reafirma “que como sugestão e como constatação é de propor o diálogo com a Comissão da Festa, entidades e a comunidade caxiense. Sobre o concurso da rainha daria para fazer as seguintes perguntas? O que é a rainha da Festa da Uva? Não no aspecto personalista, mas sim no conceitual. Que funções a rainha têm que exercer na Festa? Que papel ela tem na comunidade? A partir desta definição de perfil é que devem ser traçados os critérios da escolha e que instrumentos vão medi-los. Este é o embasamento teórico.”

Perfil

Tânia enfatiza “que a partir da definição desses critérios as entidades terão claro o perfil de suas candidatas e onde devem investir. Eu coloco como aspecto positivo a participação das embaixatrizes porque foi dada a elas funções na promoção da Festa, que é o espírito que deve nortear todos nesta construção coletiva.”

Repensar

Tânia questiona ainda “porque a rainha da Festa da Uva é avaliada no quesito passarela, se é algo que nunca precisará durante o seu reinado?

Não se trata de um concurso de beleza, mas ao mesmo tempo não se tem claro o que é realmente importante. Fala-se muito em cultura, mas que conhecimento essas moças devem ter? E quem vai avaliar esses conhecimentos?”

Sugestão

Ela salienta “que refletindo sobre as funções das soberanas da Festa, junto com outros estudiosos do assunto, chegamos a conclusão de que a elas cabe a representatividade, a promoção e o relacionamento. Não cabe a rainha e as princesas divulgarem a Festa, é um trabalho da área de marketing. O que elas fazem é trabalhar na promoção da Festa. Esta, como as outras duas funções, exige determinadas habilidades que devem ser avaliadas. Em cima disso pode-se fazer os instrumentos de avaliação de acordo com isso”.

“A Nossa cultura não é italiana, é ítalo-gaúcha”

Tânia lembra que seu envolvimento começou em 1994, durante a Festa da Uva daquele ano. Ela lembra “que em 1994 crie a releitura dos trajes das soberanas e a partir daí passei a ter um trabalho muito próximo às candidatas em todos os eventos. Na verdade, não quero fazer uma critica as escolhas feitas ate agora. O que eu proponho, pelo que pude constatar nestes 15 longos anos, é o repensar da estrutura do concurso, os seus critérios, apenas isso”.

Fontes

Ela recorda “que antes de 1994, os trajes antigos das soberanas eram buscados em modelos da Itália, pois não tínhamos referências locais. Trabalhei em fontes primarias, depoimentos, fotografias, peças originais para traçar as características da vestimenta regional.”

Banco de Dados

Tânia destaca “que não existe Festa no Brasil que faça um trabalho deste nível e qualidade. Acho que a Festa da Uva deveria fazer um Banco de Dados porque, a partir desse trabalho, chegaríamos a história das famílias, Um trabalho de resgate notável. A partir do momento em que começamos o trabalho de releitura dos trajes em 1994, mexemos com as famílias que buscaram a história dos antepassados.”

Raízes

Sobre as criticas de que a Festa da Uva deveria ser um evento tipicamente italiano, Tânia observa “que a nossa cultura não é italiana, é ítalo-gaúcha. Estou dizendo que a nossa cultura se formou depois da travessia do Atlântico, não antes. Ela guarda as raízes da Itália, mas é cultura gaúcha e brasileira porque ela se formou aqui na simbiose do meio físico e com as outras culturas aqui existentes. O que não pode morrer são as raízes. Isto não quer dizer que não falo dialeto vêneto, e com muito orgulho, mas acredito que temos que nos voltar para as nossas coisas”.

(Fonte: Jornal Gazeta de Caxias.)

2 comentários:

Unknown disse...

A Tânia e eu temos 2 coisas em comum. 1)-Começamos a acompanhar mais de perto a Festa em 1994. 2)-É preciso fazer mudanças. Quem me conhece sabe que eu prefiriria que as soberanas e embaixatrizes fossem escolhidas através de um processo de seleção semelhante à contratação para um emprego, com direito a salário, férias, carteira assinada e por tempo ideterminado. É assim que é feito na Disneylandia, por exemplo. Tudo muito profissional. A qualquer momento, uma das partes poderia terminar a relação de emprego, como em uma empresa qualquer. Penso que seria mais justo para todos do que fazer a "escolha" como é feita atualmente. Teria outras sugestões, mas fica para outro dia.

Unknown disse...

Também acho que algumas coisas deveriam ser mudadas na escolha das soberanas, como uma prova na parte da cultura, para todas, iguais assim seria uma escolha justa como disse a Tânia Tonet. Concordo também em outro ponto com Tânia quando ela fala que a comissão social deveria ser responsável por julgar as meninas nos quesitos maturidade, senso de responsabilidade, capacidade de relacionamento, interesse pela festa, pois eles que tem convívio com elas todas durante três meses. Gostaria Muito de ser uma soberana quem sabe no próximo concurso consigo patrocínio porque esse ano foi complicado, e não consegui. E parabéns pela dedicação de todas as candidatas todas estavam lindas, adorei abraços a todos.